Eu gozei pela primeira vez aos 50 anos no banheiro do
escritório de advocacia onde eu sou sócia. Gozei com um grito abafado entre uma
mão enquanto a outra quebrava o gancho de toalha que ficava preso ao azulejo.
Gozei rindo, chorando, rindo de novo, com as pernas tremendo entre a cabeça
dele me chupando embaixo da saia.
Tenho dois filhos e nenhum dos dois nasceu de um
orgasmo. Eu achava que ser feliz era uma frivolidade, que na vida era
suficiente trabalhar duro, colocar uma criança no mundo, viajar de vez em
quando e amar mais ou menos um homem. O suficiente para conviver com ele todos
os dias e transar uma vez por mês.
Eu achava um disparate querer algo diferente, mas desconfiava
que deveria sentir mais.
Ano passado fizemos 25 anos de casados. Passei mais de
um mês planejando a festa de comemoração, a lista de convidados, meu vestido, o
buffet, o convite na gráfica, até que tudo começou a ficar pronto, menos eu. Os
dias iam passando e eu sentia um vazio no estômago que meu marido na época
chamou de gastrite nervosa.
Quando enfim tivemos a festa todo mundo se divertiu,
menos eu. Alguma coisa parecia fora do lugar. No fim da noite, a caminho do
hotel, eu coloquei as mãos do meu marido entre as minhas pernas torcendo para
que as coisas começassem a melhorar, mas ele riu e me deu um tapinha no ombro.
No dia que comemorei 25 anos de casada fui dormir sem trepar, e quando na manhã
seguinte ele perguntou o que eu queria de café da manhã, eu respondi: me
separar.
A decisão foi um choque na família, na academia, no grupo
de amigos, só não foi um choque para Marcos, um dos advogados do meu escritório.
Há meses ele me olhava com cara de faminto e fazia questão que eu percebesse.
Um dia, depois de uma reunião, eu mandei uma mensagem pedindo para ele me
encontrar no banheiro do escritório no horário do almoço. Ele sacou o que eu
queria, somos todos adultos aqui, e quando entramos juntos no banheiro, sem
dizer uma palavra ele tirou minha calcinha, entrou na minha saia e me chupou
pelo que pareceu horas.
Minhas pernas tremiam, eu queria gritar, me esfregar
na cara dele, derreter, e quando ele saiu do banheiro disfarçando, com meu
cheiro na sua barba, eu quis dizer pra todo mundo que ninguém deveria se
relacionar com alguém que não te chupe.
Voltei para a minha sala com a melhor piada interna do
escritório e os próximos dias foram de Marcos me cortejando e fazendo sinal
para que eu encontrasse com ele no banheiro. Explorei todo o Kama-Sutra em 3
metros quadrados ficando de quatro na pia de mármore, em pé na parede, e
sentada nele no chão.
Me mudei de apartamento para recomeçar a vida e
desenvolvi uma paixonite pela arquiteta do projeto. Eu não sabia se eu era gay,
bi, eu não sabia quem eu era depois de todos estes anos, e quis descobrir.
Ofereci para ela o primeiro jantar da casa nova e a jantei em cima da mesa que
ela escolheu para a sala.
Entrei e saí de aplicativos, paquerei e fui paquerada,
fiz massagem tântrica, comprei lingerie, vibrador, passei tardes inteiras
sozinha bebendo vinho e me masturbando.
Meus filhos e meu ex marido, perplexos com meu
comportamento no ano que passou, disseram que eu mudei. “Como pode alguém virar
outra pessoa depois de tanto tempo?”.
Eu não virei outra pessoa, eu só fui eu mesma pela
primeira vez.
Me amei com anos de atraso, passei muito tempo vivendo
só pela beirada, descobri o orgasmo aos 50 anos, é verdade.
Mas nunca mais parei de gozar.