Estamos voando. Não tem teto para pousar e o piloto
decidiu apenas continuar voando.
O tal do estado de impermanência.
Não estou em
um lugar e nem em outro. Estou no meio, e gosto.
Quanto mais velha fico, mais me estranha a ideia de ter uma casa só. Não
tenho muitas coisas, não tenho quase nada.
Aos 30 anos dizem que é preciso construir, mas eu só tenho uma cama,
alguns livros e muitos desejos.
Eu deveria querer construir, mas eu não quero.
Ao meu lado o homem canta uma melodia descompassada. Morre de medo,
coloca a mão na testa e agora grita.
Não gosta de impermanências como eu. Deve ter construído alguma coisa e
agora teme. Eu não construí nada além de palavras e por isso não tenho
medo.
Continuamos voando.
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