sábado, 15 de agosto de 2015

TRECHO DO NOVO ROMANCE DE PAULA GICOVATE


Naqueles cinco dias em que ficamos juntos não fazíamos mais muitas coisas além de ficar na cama.
Passávamos horas falando sobre discos, tipos de comida, e inventávamos bandas e coisas que não existiam.
Em um desses dias eu criei uma máquina de café chamada “me expresso”, em que cada cápsula teria o nome e a especialidade de lidar com um sentimento diferente.
Teria o café ressaca, o café euforia, o café melancolia e o café saudade (que é do que eu preciso agora).
Não vimos nada da cidade. Mas eu também não fiquei chateada por isso porque eu tinha mesmo ido até lá para vê-lo, eu tinha trocado de país por apenas cinco dias porque meu corpo já sentia uma necessidade física de ficar junto do dele.
Eu já estava esquecendo o seu rosto e como ele se parecia, e sabia que só seria capaz de suportar mais um tempo enorme de distância e saudade se fosse até lá, se me abastecesse dele.
Munida de memórias novas e do cheiro dele impregnado nas minhas roupas, eu voltei para casa e agora estou aqui, no espaço confuso que existe entre a falta e o desejo.

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