quinta-feira, 20 de agosto de 2015

“LOVE WITHOUT FRICTION IS FICTION.”



Na semana passada ela questionou se eu não vivo isso para criar histórias.
Nomeei todos os meus amores. Apontei em que lugar do mundo cada um deles estava. Nenhum aqui ao lado. Hoje só dorme perto de mim esse livro inacabado e os quadros, que continuam apoiados no chão.
Ela disse que isso é escolha minha. Eu disse que na verdade é só um fraco por quem fala as coisas certas. Ela diz que é um fraco por quem fala o que eu quero ouvir.
Eu disse que o problema era você, que é só suposição, mas que sabe das palavras certas, e que conversa comigo feito quem batalha, não, melhor, como quem valsa. Eu vou, você vai. Todas as nossas palavras rimam, todas acabam com ponto final. Para recomeçar no meu caderno logo depois.
Ela questionou se eu não vivo isso só para criar histórias. O que eu chamo de autoficção, ela chama de autossabotagem.



Ela diz que é muito fácil se apaixonar por caras como você. E é. Difícil é deixar o amor maturar aos poucos. Eu tenho um fraco pelas frases certas, e no mínimo você veio para me trazer suspiros com vocabulário novo.
Os escritores que não falam deles – e na verdade falam. Essa literatura menor que é falar de mim mesma quando na verdade é só pra dividir o peso e nomear as coisas.
Eu disse que era para ela ficar tranquila, na verdade você é só suposição. Você é só um rock star que eu criei para tocar aqui na minha sala enquanto eu dedilho o teclado, você é só essa cara de perdido atrás de um drink colorido que eu estou louca pra beber. Você é só suposição, eu fui só licença poética.
Eu pisquei o olho, virei a esquina, viajei para outra cidade e, quando eu vi, você nem existia mais.
Você não existe mais.
Eu acho que inventei você.
(Mas quando eu esfrego o rosto no meio do dia, é porque eu lembro dos meus dedos dentro da sua boca. E do quanto isso foi real.)

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