quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ESCUTA ISSO



Eu escrevo de cara para o verde. Janelas de vidro enormes, coloridas, e eu sento em frente a elas, a vista para o jardim. E dá vontade de chorar. Eu quase nunca tenho tempo para sentar e escrever sem ouvir o barulho ensurdecedor da rua que fica atrás do lugar que eu chamo de casa. Do lugar que eu nem sei mais se é a minha casa.
Talvez sejam os quase 30, talvez seja o retorno de saturno, talvez seja eu, sem nenhuma explicação esquisotérica e nem nada em que botar a culpa.
Talvez seja só a agonia que mora em mim, mas que me faz escrever.
Eu ando pela rua ouvindo Joni Mitchell. Durante muitos anos eu idealizei amores, eu queria que eles fossem de uma forma ou outra, desta vez não. Desta vez eu só queria alguém que ouvisse as mesmas músicas que eu. E estivesse disponível para sentar ao meu lado e escutá-las. Queria não ter medo de ligar o som de manhã e alguém reclamar que aquilo é esquisito.



Esquisito como eu.
A culpa ainda é minha, de não apresentar, ou de até mesmo obrigar: senta aí e ouve isso. Ouve isso por mim.
Talvez ele gostasse. Talvez o amor fosse mais saudável se eu parasse de deixar a vida do outro mais fácil do que a minha.
Ou talvez eu guarde minhas músicas só para mim. Porque esse é meu lugar confortável, porque talvez eu não queira ninguém interferindo no que eu escuto.
Mentira.
Antes eu queria mil coisas do amor.
Hoje eu só quero alguém que escute as mesmas músicas que eu.

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